Mensaleiros
Juiz de execuções trata STF como corte inócua
Por Josias de Souza
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Chama-se
Ademar Silva de Vasconcelos o juiz escalado para executar as ordens de
prisão que o STF vai expedir contra os condenados do mensalão. Ele é o
titular da Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do Distrito
Federal. Tomado pelas palavras, o doutor detestou a decisão do Supremo
de enviar mensaleiros para o xadrez.
Vale a pena escutá-lo:
“Eu acho que isso não é bom. A gente, como cidadão, fica até mesmo
muito decepcionado com essas coisas. Fico pensando no homem comum, do
povo, que não tem muita oportunidade vendo um homem notório sendo preso.
Isso não é bom para o país. São penas inócuas, porque eles já foram
punidos publicamente.''
A repórter Mariana Haubert perguntou ao
magistrado se não acha que a prisão de políticos graúdos, por
emblemática, exerce efeitos benfazejos na alta do cidadão comum. E ele:
“Isso é mais por vingança”.
O homem comum ouve o doutor dizer
essas coisas e conclui que o brasileiro em dia com o fisco é mesmo um
sujeito de má sorte. Já se habituara ao paradoxo de ser chamado de
contribuinte pelo governo que o assalta. Mas ainda não se acostumou com o
papel de bobo.
O contribuinte pergunta aos seus botões, que não
respondem, pois não falam com qualquer um: qual é o custo de sete anos
de funcionamento do STF? Não deve sair barato, ele matuta consigo mesmo.
Além
dos salários dos 11 atores principais, a Viúva paga o pessoal de apoio,
o palco, a iluminação, o serviço de som, o cafezinho, a TV para
transmitir o espetáculo, e o massagista para aliviar as dores na coluna
do Joaquim Barbosa.
O brasileiro, por comum, quer ajudar o doutor
Ademar. Dispõem-se a convocar pelas redes sociais uma passeata em favor
da revogação das punições dos mensaleiros, já tão “punidos
publicamente.” Mas não abre mão do seu direito à vingança. Se a lei não
vale nada, feche-se o STF e demita-se o doutor Ademar. O figurino de
executor de “penas inócuas” não lhe cai bem.
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